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Vagão da Companhia Mogyana voltará a circular

  • Foto do escritor: Notícias Ferroviárias
    Notícias Ferroviárias
  • 13 de abr. de 2016
  • 3 min de leitura

Por Maria Teresa Costa || www.correio.com.br

O vagão número 1 de uma série de 25 fabricados em Campinas pela Companhia Mogyana de Estradas de Ferro em 1966 está sendo restaurado nas oficinas da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), na estação Carlos Gomes, e voltará a circular no final do mês. É um vagão Caboose, equipamento especial usado no final dos trens de carga em todas as companhias ferroviárias e que era onde o condutor e o guarda-freios resolviam problemas mecânicos, dormiam, preenchiam a papelada.


Segundo Helio Gazetta, diretor da associação, esse é um dos únicos dois Cabooses que restaram no Brasil. O outro também está com a ABPF, mas ainda a espera de restauro. O vagão estava em Mairinque, bastante danificado, vítima de ação de vândalos que por três vezes tentaram atear fogo no equipamento. Ele é em aço, forrado em madeira.


O vagão tem uma cúpula, que foi projetada nos modelos Caboose para que os funcionários pudessem observar todo o trem para antecipar problemas e soluções. Esse vagão passará a integrar o acervo de equipamentos ferroviários que a entidade mantém em Campinas, graças ao trabalho de voluntários que se dedicam ao restauro de locomotivas, vagões e carros.


A ABPF tem, em Campinas, o maior acervo de marias-fumaças da América Latina (são 12 locomotivas a vapor restauradas e mais quatro a espera de recuperação e 60 carros e vagões) graças ao trabalho de garimpagem realizado pelos associados. São ex-ferroviários e apaixonados por trens que dedicam parte de seu tempo a recolher preciosidades históricas abandonadas em pátios desativados.


Sem isso, um importante acervo histórico estaria distribuído pelo País correndo o risco de ser corroído pela ferrugem ou virar sucata. Em processo de inventariança, a Rede Ferroviária Federal S.A., proprietária de todo o material das ferrovias desativadas, está leiloando tudo o que não entrou no processo de privatização. As marias-fumaças estão sendo salvas graças ao convênio que a ABPF tem com a RFFSA. Por ele, a entidade tem a cessão, em comodato por 99 anos, desses equipamentos, desde que restaure e mantenha a “frota” conservada.


A restauração tem produzido resultados importantes, como a de uma locomotiva a vapor que pertenceu a Companhia Paulista de Estrada de Ferro e que por mais de 40 anos ficou abandonada. Há também um bagageiro em madeira restaurado pelos voluntários, que pertenceu a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil; era o carro-correio. Da mesma empresa, uma maria-fumaça também foi restaurada e circula nos finais de semana, levando turistas saudosos para uma viagem no tempo, no trecho de 24 quilômetros entre Campinas e Jaguariúna. Mais novo integrante do acervo, o carro americano, foi fabricado em 1951 pela The Budd Company para a Estrada de Ferro Sorocabana.


HISTÓRIA

A Companhia Mogyana de Estradas de Ferro foi a primeira empresa a construir o próprio material rodante — carros, vagões e locomotivas — que eram testados no trecho da ferrovia entre Campinas e Jaguariúna. Foi a primeira ferrovia a melhorar o traçado original adotando as melhores condições técnicas na época da execução da retificação para um novo traçado. Adotou na retificação das estações uma arquitetura própria com características locais. É o único trecho ferroviário no País que, mesmo com pouca manutenção e interferências, mantém íntegra a estrutura operacional ferroviária com tração a vapor.


O traçado localizado em Campinas com 19,2 quilômetros, é o único que permaneceu intacto de toda a malha ferroviária dos 2 mil quilômetros construídos pela Companhia Mogyana. O restante do leito férreo foi desmontado, demolido ou simplesmente deixado em condições de abandono, sendo retirada a via permanente e o material ferroso. Foi o primeiro trecho ferroviário com propósito turístico e cultural do País tracionado por locomotivas a vapor e material rodante de várias regiões do Brasil.

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