Há 100 anos, os bondes começavam a circular em Sorocaba
- Jornal Cruzeiro do Sul
- 30 de dez. de 2015
- 3 min de leitura

Não há trilhos, nem cabos e nem bondes para relembrar a história desse meio de transporte em Sorocaba -- que comemoraria na próxima quarta-feira o centenário da sua primeira viagem: restam o abrigo de passageiros, na praça Nove de Julho, construído em 1942, e a segunda garagem dos veículos, que fica na rua Pedro Jacob e foi reaproveitada pela administração municipal para sua frota de carros. No antigo endereço da São Paulo Electric, na rua Ubaldino do Amaral, o velho casarão-sede da companhia aguarda teimosamente por melhores dias, e na avenida General Carneiro um isolador que sustentava o fio trólei da rede elétrica de 600 volts hoje paira esquecido. Conta o livro Os Bondes Elétricos de Sorocaba, a única obra a respeito do assunto em Sorocaba, publicada por Antônio Francisco Gaspar, que o serviço de bondes dentro do perímetro urbano da cidade nasceu de uma concessão municipal, lavrada em 8 de fevereiro de 1913 na Câmara dos Vereadores, pelo prefeito Augusto César do Nascimento Filho. O documento concedia ao sr. Roberto Rankin a autorização para a instalação de bondes a tração elétrica na cidade, mas trazia consigo uma ressalva: estabelecia os prazos de dez meses e um ano, respectivamente, para a apresentação dos projetos e início da operação, sob pena de caducidade da concessão e multa de dez contos de réis. Por razões desconhecidas, Rankin transferiu a concessão à empresa São Paulo Electric Company, associada da The São Paulo Tramway, Light & Power Co. Ltd., a "Light", e descendente da antiga Empresa Elétrica de Sorocaba, fundada em 1895. Recursos estrangeiros O aporte de capital anglo-canadense permitiu a compra do material -- que atendia aos padrões da rede de bondes da Light & Power em São Paulo, mas em bitola de um metro --, e os trilhos e dormentes começaram a ser descarregados na estação da Estrada de Ferro Sorocabana. Dali foram levados ao depósito da empresa e depois à rua Álvaro Soares, onde começou o serviço de assentamento da via permanente. Era o dia 22 de janeiro de 1915 quando o primeiro par de trilhos fora lançado, na esquina daquela rua com a Souza Pereira, sob a direção do engenheiro inglês Frank Robboton. Os efeitos da Primeira Guerra Mundial, entretanto, provocaram atrasos na entrega -- e fizeram com que a São Paulo Electric pedisse a prorrogação do prazo para a inauguração do serviço. A nova data seria 31 de dezembro de 1915. Em agosto era construída a ponte metálica sobre o rio Sorocaba. No mês seguinte, chegavam a Sorocaba os cinco carros elétricos -- números 1, 2 e 3, de concepção fechada, produzidos pela J. Brill, na Philadelphia, e os carros abertos de número 50 e 52, construídos pela St. Louis Car Company, com seus reboques. O transporte deles até a cidade formou um curioso comboio pelos trilhos da Sorocabana: vieram de São Paulo, puxados por uma locomotiva a vapor.

O tempo corria: dez dias antes do vencimento do prazo, na madrugada de 20 para 21 de dezembro de 1915, circulou em caráter de testes o primeiro bonde elétrico em Sorocaba. A experiência teve "pequenos acidentes, devido às linhas que não estavam convenientemente limpas em algumas ruas", como registrou o Cruzeiro do Sul no dia seguinte. A inauguração oficial estava marcada para 30 de dezembro de 1915, um dia antes do encerramento do prazo dado pela Prefeitura. Matéria original: http://www.jornalcruzeiro.com.br/materia/665314/ha-100-anos-os-bondes-comecavam-a-circular-em-sorocaba
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