É possível acabar com casos de abuso sexual no metrô?
- Sindicato dos Ferroviários da Zona Sorocabana
- 25 de out. de 2015
- 2 min de leitura

São Paulo - Agressão física e psicológica, constrangimento público e ameaças. Pelo menos a cada três dias, uma mulher denuncia que foi importunada, apalpada, filmada ou agredida nos trens do metrô de São Paulo.
“Esses episódios refletem a ideia de que o lugar da mulher, afinal, não é na rua. Que só pelo fato de você estar na rua, está disponível”, diz Maria Fernanda Marcelino, da Sempreviva Organização Feminista (SOF).
Cada novo caso divulgado reacende uma velha discussão: é possível fazer algo para que o assédio sexual no transporte público diminua - e, por que não, acabe?
Uma das propostas mais polêmicas para resolver o drama de milhares de mulheres é a criação do chamado Vagão Rosa. A iniciativa de separar homens de mulheres nos trens em horários de pico foi implantada em Brasília (DF) e no Rio de Janeiro (RJ), mas não saiu do papel em São Paulo.
A ideia é totalmente reprovada pela Companhia do Metropolitano (Metrô). “Primeiro tem uma questão lógica: 60% dos passageiros são mulheres. Não há como destinar um vagão só para elas. Outro ponto é que essa medida reforça uma visão machista de que se a mulher usar o vagão que não é rosa estará pedindo para ser importunada”, diz Rubens Menezes, chefe de segurança do Metrô.
Neste ano, o Metrô lançou uma campanha contra o abuso sexual de mulheres nas redes sociais e por meio de cartazes e panfletos. Sob o mote “Você não está sozinha”, a ideia saiu do papel a partir da mobilização de usuárias e rendeu resultados, como o aumento das denúncias feitas pelo SMS Denúncia da empresa (97333-2252).
No ano passado, foram registrados 61 casos de assédio sexual no Metrô, número que já foi ultrapassado nos oito primeiros meses de 2015. “Para nós, o aumento do número de denúncias não significa que o assédio se tornou mais frequente, mas que as mulheres e os demais usuários se sentem confortáveis para registrar os casos”, diz Menezes.
No Centro de Controle Operacional do Metrô há funcionários (um para cada linha do metrô) responsáveis por controlar a chegada das mensagens e o contato com os seguranças das estações. O atendimento não dura mais que três minutos.
De acordo com a empresa, 89% dos abusadores descritos pelas vítimas foram detidos pelos seguranças e encaminhados à polícia.
“Há, no entanto, muita gente que não denuncia por constrangimento, por vergonha, por acabar assumindo um papel de culpada por uma situação em que o único culpado é o assediador”, diz Cecília Guedes, chefe de relacionamento com usuários do Metrô.
Na mesma época em que a campanha começou a ser veiculada, os funcionários que trabalham na área da segurança e na operação dos trens e das estações passaram por uma reciclagem. “A ideia era mostrar como a vítima deve ser acolhida”, explica Cecília, uma das responsáveis pelo programa.
Rita Azevedo Rita Azevedo, de EXAME.com
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